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Mas se você tiver algum tempo sobrando, podemos conversar um pouco e eu explicarei brevemente sobre os caminhos que percorri como jornalista, professora - e conteudista Ead - e fotógrafa - com exemplos práticos. Então por favor, siga em frente.
São 20 anos de docência no ensino técnico e superior presencial e 12 dedicados a produção de materiais e gravações para instituições de educação a distância. Para ver mais alguns exemplos de minhas teleaulas, você pode clicar aqui e também aqui.
Atuo como professora na rede municipal e estadual de ensino e sou presidenta da Comissão Municipal de Cultura de Imbituba/SC, onde criamos e seguimos políticas públicas para Arte e artistas.
Além de pesquisar para meu projeto de doutorado, onde quero amalgamar meus conhecimentos de audiovisual com m-learning para afetar (adolescentes).
A fotografia ainda é uma importante da minha existência artística.
Comecei minha vida profissional, no entanto, como jornalista freelancer, e aprendi - em 20 anos de experiência em comunicação - a ouvir e a observar os gestos, para muito além das palavras. Percebi que a verdade pode estar em lugares diferentes ao mesmo tempo e que o papel da/do repórter - de viver momentaneamente as aflições de outros seres humanos - me impele a refletir constantemente sobre minha própria existência e quais devem ser as prioridades da vida.
Enquanto coordenadora da assessoria de comunicação da Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra / SC), pude observar de perto a política agrária nacional, suas relações e contextos: muitas vezes violentos e sempre desiguais.
Realizei coberturas variadas e fotodocumentei todos (os projetos e)
os assentamentos do estado até
aquele momento. Produzi o plano de comunicação e o estratégico da superintendência e busquei a aproximação com a sociedade civil, através de projetos e parcerias. Supervisionei a produção de informativos; realizei atendimento a imprensa, apoiei a organização de eventos; fiz atendimento das famílias assentadas na Ouvidoria; recepcionei embaixadores, mediadores de conflitos, secretários de estado,procuradores, consulês; preparei coletivas; media trainings, entre outras tarefas, enquanto chefe da assessoria de comunicação naquele contexto.
Todo o aprendizado que tive também como diagramadora do jornal Diário Catarinense (Grupo NSC) um ano antes, me serviu para garantir o cuidado com o conteúdo editorial da assessoria.
Viajei mais de 250 mil quilômetros de carro pelo Incra e conheci lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, bem como centenas de famílias assentadas - e por assentar - de vários estados.
Infelizmente, documentei o ingrato protagonismo da gente brasileira, na guerra por respeito e, no caso, por um pedaço de terra. Sempre, ao saltar do carro - quando minhas botas tocavam
o solo árido e pedregoso em uma área acidentada, quase desértica onde pessoas haviam sido assentadas -percebia a força hercúlea que teriam que dispor para vencer naquela situação. Nessas ocasiões, ecoavam em mim as palavras amargas e certeiras de João Cabral de Melo Neto, em
“Morte e Vida Severina”, o dramático poema lindamente musicado por Chico Buarque:
“É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo te sentirás largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca...
[...]É a parte que te cabe nesse latifúndio”.
A luta diária contra o preconceito e todos os tipos de adversidade - e isso significa: a vida - a violência e a morte - avizinhadas e íntimas, dia e noite, em tendas de lona preta, Uma experiência que nunca mais se apagou: inestimável e difícil.
Como fotógrafa, estou convencida de que a realidade tem muito mais que mil facetas; que uma ética fotojornalística / fotodocumental deve ter o compromisso com o respeito na alegria e na dor daquela ou daquele que é muito mais que um personagem: é outra ou outro ser humano.
Eu também aprendi que ensaios fotográficos tem muitas dimensões e camadas. Uma mistura de precisão, singularidade e casualidade, uma vez que a vida é fiel apenas à própria imprevisibilidade - e é exatamente isso que me mantém ainda apaixonada por relatar ou conceber uma realidade na fotografia.
Quando vi a película se transfazendo em digital, percebi que, em algum momento, toda a flexibilidade do arquivo da imagem em bits mudaria a forma de, não só produzir, mas também, de como vemos e de como vivemos com o universo imagético. Desde então acompanho sistematicamente a reflexão sobre o que vem sendo chamado de pós-fotografia ou de fotografia expandida - na falta ainda de uma designação, penso, mais certeira.
A partir também deste aprendizado, da prática profissional fotodocumental e artística, e das reflexões, surgiu o conceito de “fotografia orgânica” há 15 anos. A Fotografia Orgânica busca a espontaneidade e o bom uso da técnica fotográfica - sem o auxílio de grandes mecânicas, artefatos, dúzias de pessoas no set, além de volumosos equipamentos de iluminação.
É uma prática fotográfica que não colabora com o uso desgovernado de ferramentas de edição porque o corpo é valorizado naquilo que possui de mais frágil e poderoso: a carne e sua transitoriedade.
Tenho um projeto fotográfico especial e de longo prazo que reflete minha indignação pela opressão e pelo maltrato reiterado a que muitas sociedades sentenciam o corpo humano - exatamente por todas as maravilhas indomáveis que ele pode.
O corpo, de constelação de possibilidades, é reduzido a uma massa de ideais pouco generosos - frequentemente inadequados - que nos serve estereótipos desumanos. São tantos os transtornos desnecessários ao custo da saúde mental dos seres humanos, que urge a reflexão e a mudança.
Aesthesis é uma apropriação do corpo para naturalizá-lo, livre da objetificação e do molestamento. Capto corpos nus, de classes sociais diferentes, de origens culturais múltiplas - gente que se deixa fotografar -
porque o corpo é o que mais nos individualiza, e também, é aquilo que mais nos irmana.
Carne, pele, músculos, recantos, minúcias -eu corto, entrelaço, confundo, em planos muitas vezes fechados - com altos ISOs. Vejo pessoas com outros olhos - menos discretos e mais benignos e eu navego despreocupadamente nessa fronteira imaginária entre erotismo e/ou pornografia (que inexiste?).
Me diga você? :)
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Minha primeira pesquisa como estudante foi uma bolsa do CNPq sobre a vida cultural da ilha de Nossa Senhora do Desterro, entre 1889 e 1899, após a Proclamação da República Brasileira (1889), na Revolução Armada (1893-1894) e durante a Revolução Federalista (1893-1895). A cidade foi então, palco de uma revanche com mais de 200 assassinatos e outros horríveis crimes de guerra.
No meio da guerra, Desterro foi condenada no momento em que Moreira César desembarcou na ilha. O sanguinário tenente-coronel, ou o “Corta-Cabeças”, foi enviado pelo presidente Floriano Peixoto - e promoveu um “ajuste de cuentas”, contra os rebeldes, que também eram a elite intelectual da cidade. Osvaldo Cabral, historiador, escreve:
“As fortalezas da Ilha de Santa Catarina se congestionaram de prisioneiros, uns que se não puderam exilar ou esconder à fúria sanguinária dos vencedores, outros que se não haviam culpados, e ainda outros que, tendo buscado refúgio no interior da ilha, nas casas os amigos ou nos matos, foram denunciados pela perversidade dos adversários, no seu incontido e desumano ódio partidário”.
Foi fascinante entender o quão irônico e amargo é a origem do segundo nome da ilha: Florianópolis.
No entanto, na maior parte da minha vida, pesquisei sobre a imagem - emoldurada ou em movimento, ficcional ou (pretendendo ser) real. Devo dizer que sempre gostei e refleti de maneira interdisciplinar. Dividi minha atenção, entre: estudos de gênero; feminismo; narrativas de TV e cinema; produção audiovisual LGBTIQ ; histórias do corpo humano na fotografia; fotografia documental; direção de fotografia e webdoc . Atualmente estudo sobre design educacional, atenção visual; m-learning e marketing social.
O curta-metragem "Drag Story: Lendas e Babados", um dos primeiros filmes sobre drag queens no Brasil e na América Latina, foi o resultado do projeto de graduação - com um colega - em 1997. O doc recebeu menção honrosa no Prêmio Pierre Verger de Vídeo Etnográfico, concedido pela Associação Brasileira de Antropologia.
Você pode ver alguns dos projetos de graduação audiovisual e trabalhos de TV em sala de aula que eu supervisionei (ou produzi) no meu canal do Youtube.
Coordenei dois grupos de pesquisa: “Corporações e Imagens” e “Imagem: Confabulações da Comunicação”.